Esta rampa móvel é compacta e pode ser instalada e retirada por apenas uma pessoa |
Para quem acha complicado pegar um modelo em 3D e mandar fazer uma rampa para promover o acesso de pessoas em cadeiras de rodas, descobri uma alternativa incrível e eficiente! Nas buscas por empresas que tenham experiência na fabricação de rampas para cadeiras de rodas descobri a Metal Romana (www.metalromana.com.br) que tem sede em Presidente Epitácio, interior de São Paulo. Navegando pelo site da empresa descobri a Linha Acessibilidade deles, que conta com diversos modelos de rampas específicas para cadeiras de rodas, desde dobráveis para superar calçadas sem rebaixamento até compridas para colocar cadeiras motorizadas na traseira de vans.
Linha Acessibilidade no site da Metal Romana |
Dentre os modelos disponíveis, o que mais me interessou foi um que curiosamente não está no site, mas sim à venda no Mercado Livre (https://produto.mercadolivre.com.br/MLB-2696665528-02-rampas-degrau-fixa-aplicaco-diversa-rdf-1400400-ac-_JM?quantity=1&variation_id=174724394403). Feita em aço carbono e composta por duas partes, ela tem originalmente 1,40m de comprimento por 80cm de largura, não precisa de apoio central para aguentar até 150kg e pode ser facilmente instalada e retirada por apenas uma pessoa.
Rampa móvel em duas partes disponível no Mercado Livre |
Porém, um detalhe me chamou a atenção: a maioria das rampas produzidas pela empresa não seguem o padrão da NBR 9050 e a sugestão deles é que sejam utilizadas com ajuda, ou seja, o cadeirante deverá ser empurrado para vencer o desnível no qual a rampa é instalada. Entrei em contato com a empresa e quem me atendeu foi justamente o dono, Zé Fred. Expliquei para ele meu projeto Sem Degraus, dei o endereço do site e começamos a desenhar um modelo de rampa mais completo e seguro, que atendesse vários tamanhos de degrau e fosse segura, dentro dos parâmetros da NBR 9050.
A rampa móvel após instalada não interfere na faixada nem ocupa indevidamente a calçada |
Ele criou então um modelo alternativo à rampa disponível no Mercado Livre, com 10cm a mais, portanto 1,50m de comprimento, e com guias de balizamento, superfície antiderrapante, superfície em EVA para ficar fixa no lugar e ainda um parafuso em cada ponta para ficar ainda mais firme, se necessário. Desta forma, este modelo atende degraus de 5 a 19cm sem ultrapassar a inclinação máxima ditada pela NBR 9050, que é de 12,5%. Rampas até essa inclinação podem ser instaladas em caso de reforma e ainda permitem a maioria dos cadeirantes subir com autonomia.
Um problema a menos, um cliente a mais! E ainda, revela responsabilidade social e inclusão. |
O fato é que a NBR 9050 é falha, na minha opinião. Ela não prevê as rampas móveis, o padrão exigido pela norma é rampa fixa com inclinação de 8,33%, com guarda corpo, corrimão em duas alturas, piso tátil e inscrições em braile. Obviamente, uma rampa assim fica muito cara e ocupa um espaço muito grande, além de interferir na faixada e no espaço disponível no interior da loja, já que o ideal é que seja feita para dentro, pois na calçada a legislação municipal não costuma permitir.
Após desmontada, ela cabe em qualquer cantinho, pois é compacta e estreita |
Qual a solução então? Não fazer nada, é o que a grande maioria faz. Ou criar uma alternativa, como uma rampa fora da norma ou uma rampa móvel! Essa última pode ser dentro dos parâmetros da NBR 9050 e servirá para pessoas em cadeiras de rodas ou pais com carrinhos de bebês. Não são indicadas para deficientes visuais ou muletantes, pois não tem corrimão. De qualquer forma, é um pontapé inicial na necessidade de acessibilidade, e pode despertar em comerciantes a necessidade de ampliar ainda mais o acesso a pessoas com deficiência. E assim, termos um país mais inclusivo, com cidades mais acessíveis a todos.